ANA: ― EU SOU IGUAL!
Estas foram as palavras que a Ana quis levar, orgulhosamente, inscritas no cartaz que ostentou na marcha do Núcleo de Educação Especial da Escola, na sua cadeira, no dia 3 de dezembro: Dia Mundial da Pessoa Portadora de Deficiência, e que de acordo, com o seu pai:
“- Ela fez questão que ele fosse assistir”.
Para concretizar o planeamento da Unidade, para o Dia Mundial da Pessoa Portadora de Deficiência, a Ana teve um papel muito ativo, após ter debatido o conceito de Deficiência e Limitação, com a ajuda do Helmer, o elefante xadrez, com quem logo se identificou, pois também ela era diferente… Não andava, nem falava!... Depressa concluiu (não sem desgosto, porque gostaria de fazer as duas coisas!) que ERA IGUAL, com a ajuda da cadeira e da comunicação aumentativa. Então, todo mais o que surgiu teve de seguir para o átrio do piso 1 do Pavilhão C: um cartaz, com a sua cadeirinha; um muro a simbolizar a construção da inclusão que teve o contributo de alunos, funcionários, docentes e outros técnicos, muitos deles entregando-lhe a caixa pessoalmente… o que a deixou delirante. Por isso, a todos, um obrigada sentido.
No entanto, a Ana não se quedou, faltava mais uma coisa, para que tudo fosse perfeito, a culinária: os lanches. Afinal, fiquem sabendo que a Ana quer ser chefe, sim CHEFE DE COZINHA. Por isso, preparou uma gelatina para oferecer aos amigos das outras unidades e planeou o lanche convívio das mães, dando-me ordens expressas do que no grosso teria de conter. Claro que o fiz, com todo o carinho e alguma manha. Entre flores, manicures, chás e um aromático bolo de camadas, daqueles que nos despertam todas as papilas gustativas e salivamos de imediato, a psicóloga Clara, a anfitriã, falou dos apoios especiais, gratuitos e subsidiados, a sistemas aumentativos de comunicação, dados a pessoas com deficiência, pela fundação PT. Esta foi a nossa forma de fazer com que estas MÃES CORAGEM, pudessem falar dos seus filhos sem sentir o peso esmagador da diferença, como quando conversam com as mães dos inatingíveis (as crianças ditas normais), que as remetem sempre a um silêncio ensurdecedor, com os eternos e naturais “O meu filho faz…”.
Finalmente, eu, Patrocínia, companheira de luta de todos os dias desta Ana, testemunho-a como uma força da natureza, a lutar contra um corpo que teima em aprisionar a sua mente, a sua vontade, mas não a luz de ser alguém muito especial!
A mim, como professora, só me resta dizer: ― quero ser como tu Ana, incansável, na luta para que não se deixe esmorecer a Inclusão, pois é algo que depende da atitude individual de cada um, fazendo ecoar a minha voz num sonoro: DEIXEM A ANA SER IGUAL!
docente M. Patrocínia Arruda
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